Lembro ainda naquele dia em que desmontei o velho rádio
de minha tia.
Era criança, ano de 1969, acabara de ouvir a visita do
homem à lua. Admirado pela conquista saí correndo para a rua. Olhei o céu e
imaginei: Mas que loucura. O homem na lua. E aqueles pequeninos fazendo magia ,
lá dentro da caixa mágica falante de minha tia. Foi quando resolvi
desparafusá-la para descobrir aqueles pequenos duendes com voz de gente. Qual
minha surpresa, avistei cápsulas de vidro ligadas por fios e ferros. Então
pensei: Essas criaturas são menores ainda, e habitam um mundo que nem sei. Voltei
para a rua e olhei novamente para o céu: Mas quem disse que não existe vida na
lua? Quem garante que aquele primeiro passo astronáutico não tenha dizimado uma
população de lunáticos? A vida na lua pode ser menor ainda do que no rádio de
minha tia. Tão pequenina que o ser humano não tenha conseguido enxergar. Ou tão
grande ao ponto de não perceber que a lua seja apenas uma pequena célula de uma
grande vida estrelar.
Confuso e emocionado, volto e fico olhando para o rádio
desmontado: E agora, o que faço diante desta desta confusão? Sem saber
remontar, fujo para minha casa deixando minha tia sem a sonora difusão.
Obs.
No Brasil, a rádio difusão sonora surgiu em 1922, no Rio
de Janeiro – então Capital da República, no dia 20 de setembro, durante as
comemorações dos 100 anos da Independência do Brasil, quando o discurso
comemorativo do então presidente Epitácio Pessoa, foi transmitido para São
Paulo, Petrópolis e Niterói.